A desmilinguida do Araguaia





Boiando pelas águas, ora turvas, ora plácidas das redes sociais, minha nau casualmente encalhou no canal do JP do Araguaia, ali postado no Porto do Baé, sobretudo, sob uma panorâmica aérea do seu drone o apresentador (JP), descrevia e opinava sobre as condições da esquálida Quarto Crescente. 

Absorvendo tais imagens, de imediato fui remetido às imagens pandêmicas que vi no desmilinguido (economicamente falando) agosto de... 2020 ou 21 (desculpa não lembro exatamente o ano), onde banhistas desrespeitavam as orientações primordiais do contágio e se lançavam ombro a ombro nos raquíticos braços do Araguaia:

Você viu?! Lá no pequeno espaço barroso que se apontou já no fim do seco agosto, emergiram à margem e no meio do Araguaia uma ilha de gente com as suas barracas, cachorros, fumaças... submersos no suave torpor. 

Você viu?! Lá tinha de tudo, desde a simplória bola dente de leite ao pomposo jet-ski, só não tinha mesmo, era areia. Vai me dizer que você não se afogou na visão? 

Vi no canal, que está cada vez mais oneroso o arroz, o óleo, a energia, a gasolina, a carne e o feijão, como o diamante nas bateias dos nossos pioneiros. Mas e daí?! 
O que eu quero mesmo é bancar o veranista! 

E daí? Só por hoje. Afinal de contas, já espetei o meu braço dia desses, enquanto a máscara foi mascarada pelos especialista do meu grupo de WhatsApp. 

E quer saber de uma coisa, nesse triângulo turístico meu chapa, essa tal de delta não escorre pela beirada da minha breja não!

Pois então, você não viu?! Estava todo mundo ali, chafurdando na lama. À sombra da serra e ao cercado do Travessia. Tem certeza que você não viu? Estava todo mundo ali, ombro a ombro na beira do rio. 

Que porre cara! Tomara que a ressaca disso tudo bata de leve e que a moribunda Quarto Crescente possa levantar amanhã cedo. Assim seja! 

Enquanto isso... Vai vendo!