Quando a esquadrilha da fumaça rabiscou o céu de Barra do Garças

Desenho de aviões fazendo fumaça no céu

O ócio proporciona momentos deliciosos. Dia desses por exemplo, me pus no quintal de casa e fiquei de papo para o ar a admirar as acrobacias aéreas da Esquadrilha da Fumaça ou “Esquadrão de Demonstração Aérea” se preferir.

Deslumbrando-me com as manobras dos aviões, uma lembrança transpassou-me a vista: a primeira vez que vi a Esquadrilha da Fumaça.

Eu devia ter uns dez anos, na ocasião as autoridades de Barra do Garças iriam inaugurar a pista de pouso do novíssimo aeroporto da cidade. Portanto, passaram a semana inteira anunciando nas rádios que disponibilizariam ônibus gratuitos na leva de quem quisesse apreciar o evento.

A gurizada da “Dom Aquino” na ainda empoeirada Vila Santo Antônio ficou alvoroçada. Não se falava em outra coisa a não ser sobre a Esquadrilha da Fumaça. Todos contavam os dias para ir ao aeroporto, mas não para ver as condições da pista ou a comodidade da sala de embarque e sim ver as manobras dos “Tucanos”. Saber se os pilotos desenhavam mesmo um coração no céu.

No entanto, a realidade sempre frustra a fantasia mesmo a de uma criança de dez anos, pois as filas eram quilométricas, os coletivos da ainda chamada Circular Nossa Senhora Aparecida, assim como o ônibus da Xavante e da Barratur ficaram abarrotados e para piorar tivemos que ouvir os infinitos discursos políticos. Falou João, Maria, José, Pedro e todo mundo e nada de aviões no céu.

Já estávamos todos sentados no chão quando apontaram em formação os sete aviões fazendo disparar mutuamente os nossos corações e a fumaça no céu! Todo mundo era só sorriso e admiração. Principalmente quando os “Tucanos” cruzaram-se desenhando um coração. Para mim tal acrobacia só não desbancava aquela quando os pilotos desligam os motores e se despencam em queda livre.

Poxa vida! Fuçar o porão nostálgico da minha cabeça realmente me faz voar.


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