Memórias do Quintal Cultural

Percebi naquele dia que o evento da Curumim Docarmo fincava fortemente suas raízes em Aragarças.

Uirá Paiva e Eudes Roberto cada un com o seu violão se apresentando no Quintal cultural
UIRÁ PAIVA E EUDES ROBERTO NO QUINTAL CULTURAL | ACERVO PESSOAL

A sensação que tive naquele inverno quando me aproximei da “Minervino Machado” foi que havia uma fragrância de cultura aquecendo e perfumando Aragarças, pois, acontecia naqueles dias às margens do Araguaia, mais precisamente, nas entranhas da “Berô Can”, um saboroso evento que condimentava a cultura nativa e a entregava em pratos atraentes à população da nossa região.

Passei por um rústico portão de madeira vigiado por gnomos, sapos e uma onça pintada. E ao adentrar a tal evento me deparei com algo que me pareceu uma reminiscência hippie mesclada à arte urbana ... um almoço entre amigos da faculdade ou qualquer coisa do tipo ... A música rodopiava solta, já que o bucólico palco era livre e intercalava sons e tons misturando artistas das antigas aos neófitos. Ficou evidente para mim que aquela folhagem (leia-se palco) era uma espécie de ninho aos artistas locais - poetas - cantores - anônimos - ou - não, na voraz oportunidade de eclodir as suas obras.

Uma dupla de jovens tocando música ao violão e uma moça recitando poesiamoça
MÚSICA E POESIA NO QUINTAL CULTURAL | ACERVO PESSOAL

O público presente se deliciava nas escapadelas flutuantes, às vezes a bordo dos caiaques no velho Araguaia, outras vezes divagando no bosque que sempre abraçou a Berô Can. Embora, claro! Sempre pousando a tempo para apreciar mais uma onda etílica embrulhada aos genuínos aperitivos e artesanatos apimentados com a suave poesia falada e cantada.

Ficou notório para mim naquele dia que o evento da Curumim Docarmo fincava fortemente suas raízes em nosso quintal. Algo extremamente bacana para Aragarças, já que por aqui era costume, até bem pouco tempo atrás, exalar perfumes de cultura apenas nos meses quando acontecia
a temporada de praia.

Comentários