O Bar do Pica-Pau em Cinco Capítulos

Público alegre numa noite de show no Bar do Pica-Pau
FOTO: MÁRCIO COSTA | DIVULGAÇÃO

Verdade seja dita dos “oásis” que já brotaram por aqui e propôs a matar a sede de rock em 
Aragarças e região, um ambiente em especial enquanto existiu, conseguiu jorrar águas abundantemente capazes de encharcar os corações e mentes dos contrários às modinhas ou “hits” que, já faz tempo, boiam comercialmente nas mais diversas mídias que norteiam a moçada do século 21. Tal “oásis” içava em sua fachada o apelido do seu proprietário: Márcio Costa. A paragem em questão se tratava do “Pica-Pau Beach”.

No finado 
Bar do Pica-Pau o principal atrativo eram os espetáculos de música. Com uma ressalva que agradava bastante os “rockers”, isto é, no Pica-Pau Beach não se tocava o ritmo sertanejo. Sendo assim, se você me permite, gostaria de discorrer um pouco sobre a minha afirmativa de considerar este bar aragarcense um oásis para roqueiros em cinco capítulos.

Capítulo I: A Coisa Nascia!


Não sei se você é um roqueiro, mas, independentemente da sua couraça musical, se porventura, o nobre leitor, alçava a adolescência em Aragarças nos anos finais “dos 80” e início “dos 90”, de certo você ouvia falar de um tal movimento radical na “barra-garcense-Aragarças” recheado de nomes e alcunhas (comumente ditos em qualquer roda de conversa naqueles anos) como: Joaquim, Manin, Záza, Skoob, Bozo, Vinicim... e, claro, Pica-Pau. Acontece que naquela época emergia por aqui as manobras endiabradas do bicicross e do skate. E essa moçada mediou por anos o esporte, dito marginal, na região.

Percebia naqueles “doidões” uma paixão sincera naquilo que fazia. Tanto nos eventos ligados ao bicicross e skate, quanto em encontros casuais no precário (à época) half na praça do Aerobar ou na pista de bicicross no Bosque dos (derrubados) Eucaliptos. Esses eventos tinham em comum, além dos skates e das bicicletas, os trajes, os assuntos e o gosto musical (no caso o rock ‘n’ roll) do público e dos atletas. A coisa nascia!

Capítulo II: A Coisa Secou!


Sem sombra de dúvida aqueles anos foram o pódio daquela molecada — se é que me entende?! — Mas o tempo fechou e, inevitavelmente aqueles adolescentes, tanto os que hastearam o esporte radical em Aragarças e região, quanto os que simpatizavam com a magia daquela bandeira tiveram (capitalizando) que encostar as suas magrelas e shapes, para tanto, deixaram a contragosto, imergir o dito movimento, alguns se perderam pelo caminho, outros se realizaram. No entanto, independentemente do caminhar dessa moçada, casualmente a turma se encontrava e, como devia de ser, tais encontros quase sempre eram regados com os eventos ligados ao rock.

Com a ascensão do pagode e do sertanejo nos idos da década de 1990 e do recente “boom” do “sertanejo universitário”. Notoriamente, tal moçada, muitos deles já pais e mães de família, diante de um cenário desértico para o rock em nossa região, contraíram a carência medonha de boa comida, boa bebida e “intrigas intelectuais”, alinhados a um bom espetáculo de MPB, música regional e do eletrizante Rock ‘n’ Roll... A coisa secou!

Capítulo III: A Coisa Floriu!


Com andar da carruagem do século 21, os doidões — já quase pecos — estavam com sede, sobretudo, descrentes de um oásis que cessasse a secura de rock na região. Foi então que o que a princípio parecia ser uma miragem distorcida no horizonte, foi se concretizando... surgia na Beira Rio (assim como o “Cavernas Rock”) um dos mais icônicos bares de rock da região: O Pica-Pau Beach. Com espetáculos envoltos à MPB, à bandeira regional, ao "roquenrou" e aos pratos e drink's cada vez mais apreciados não só pela "turma analógica", mas, também pela "turma digital" a sede de antes, louvadamente, começava a ser saciada. A coisa floriu!

Capítulo IV: A Coisa Perdeu o Cheiro!


Não sei bem qual foi o motivo que drenou o oásis, de repente um “jab” bem dado da pandemia, escassez do vil metal ou simplesmente o bico cansado do amigo Pica-Pau. O fato é que o bar fechou. Deveras, uma outra fonte com ritmos mesclados ao velho rock n’ roll tenha dado as caras na grande Barra e isso dividiu a moçada e os decrépitos doidões. Sei lá?! O que sei é que as flores que já começavam a se enraizarem no local perdeu a sua fonte de água, se enfraqueceram e murcharam. A coisa perdeu o cheiro!

Capítulo Final: A Coisa Ficou!


Vai me desculpando pela minha redundância nobre leitor, mas não vejo como encerrar esta história, senão, com um bis. Sendo assim, reitero: dos “oásis” que anunciaram matar a sede de rock em 
Aragarças e região. Um ambiente em especial jorrava águas abundantemente capazes de encharcar os corações e mentes dos contrários às modinhas ou “hits” que boiavam e ainda boiam comercialmente nas mais diversas mídias que norteiam a moçada do século 21. Tal “oásis” içava em sua fachada o apelido do seu proprietário: Márcio Costa. A paragem em questão se tratava do “Pica-Pau Beach”. A coisa ficou!


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