Lucas Ribeiro

Lucas Ribeiro
LUCAS RIBEIRO | REPRODUÇÃO

De tempos em tempos a arte brota espontaneamente no nosso chão. Talvez isso se dê pelo ar poético reluzente da paisagem da Serra Azul cortejando o Araguaia... da iniciativa oitentista de Divino Arbués, Eudes, Candinho e companhia... ou simplesmente da vontade incontrolável de um menino ou de uma menina de tocar um instrumento e encantar multidões com os seus versos. Todavia, independente das razões, o fato é que vira e mexe a nossa região é contemplada por um novo acorde e poesia.

Ao engolir o remédio amargo (reclusão) contra a maldita pandemia (Covid-19) muitos artistas locais, entediados em seus casulos, metamorfosearam o nauseante tédio em vídeos e/ou conclusões de projetos pelas redes sociais. Esse foi o caso do jovem músico e compositor (não necessariamente nessa ordem): Lucas Ribeiro.

O barra-garcense Lucas Felipe Ribeiro, veio ao mundo nos idos de 1995 quando o grunge era a tendência juvenil à época. Com 14 anos rumou juntamente com a família para a também mato-grossense: Confresa. Quando cursava o primeiro ano do ensino médio resolveu acariciar com mais perseverança as cordas do violão, aprendeu a tocar tal instrumento e se apaixonou totalmente pela música. Tanto é que na ocasião de bolsista de um projeto de extensão do IFMT, no qual se ensinava violão às crianças confresenses, o mancebo Lucas, engrossou o artístico projeto como um valoroso auxiliador.

Em 2013 ainda em solo confresense concluiu o ensino médio e, respectivamente, o Curso de Técnico em Alimentos. Nesse mesmo ano labutou como operário em um frigorífico daquele município, fez o ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) e em 2014 voltou para Barra do Garças para cursar: Engenharia de Alimentos e em seguida Jornalismo na UFMT.


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BANDA SLOOP DOG SE APRESENTANDO NA PRAIA QUARTO CRESCENTE

Envolto ao universo academicista e às virtudes intelectuais, sobretudo, em busca do suprassumo, inevitavelmente o florescente Lucas Ribeiro compôs em 2016 a sua primeira obra: "Nazi Girl". Voando em bando concebeu em 2017 com os amigos Josh (vocal), Mich (guitarra solo), Matheus (baixo) e Thiago (bateria) a: "Sloop Dogs". Banda roqueira que hasteava em meio às composições do conjunto musical, o bom do rock nacional e internacional. Lucas Ribeiro era responsável pela guitarra base.

A principal apresentação da Sloop Dogs se deu no Festival da Praia Quarto Crescente (2017) quando num crepúsculo dominical a banda exibiu os seus dotes artísticos a um público composto por seguidores da banda e espectadores (turistas e nativos) entusiasmados com a explosão dos clássicos do rock 'n' roll "brazuca" ou não! (um desses espectadores era esse que vos escreve).

Em 2018 ocorreram algumas mudanças na formação da banda e nome, sob uma nova roupagem, mas, ainda envolvidos pelo projeto inicial de banda, tocaram no "Santa Rock" no Sítio Mandala com o nome: "Los Pigas" e no Motorcycle de 2018 e 2019 como "Imigrantes" essa seria a última apresentação com o núcleo base do Sloop Dogs: Lucas Ribeiro e o Michael Dias.


Lucas Ribeiro segurando um violão
FOTO: REPRODUÇÃO

Com o pseudônimo Hiroshima, Lucas Ribeiro lança o álbum: Beira Rio. Recheado com músicas autorais (a maioria criadas em 2019), o álbum expressa acusticamente as perspectivas de Lucas Ribeiro sobre as coisas e/ou circunstâncias que sobressaltam a sua mente. Gravado de uma só vez num gravador de celular durante uma madrugada (segundo ele mesmo) devido às limitações da pandemia e técnicas, o trabalho revela ao público canções de um artista inspirado pelo lirismo, movimento punk e regionalismo.

Lançado na plataforma do YouTube em 2020, a obra exibe uma quantidade considerável de canções, destaque para: "Vira Lata", "Só de Pensar", "Nação Violada", "25", "Neblina", "Biz Azul", "Remédio pra Rato", "Nazi Girl", "Beira Rio", "Cisterna", "Flores de Outono", "Mais um Dia", "Ypê", "Distante", "Catavento" e "Veneza".

É impressionante como do remédio amargo da quarentena, numa alvorada criativa captada no gravador de um celular, brotou algo tão audível e nativo. Embrião do que viria, amparado pela lei Aldir Blanc, metamorfosear em 2021 num “álbum elétrico” (leia-se: com bateria, baixo e guitarra).



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